sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

E pus tal força e alegria na possibilidade de a ver

[Recebemos hoje este texto de uma leitora de Fernanda de Castro, 
Fátima Rosado, a quem muito agradecemos o testemunho]

"Pelos meus dezassete anos li um poema que me abriu um mundo novo. Copiei-o, decorei-o, passou a andar sempre comigo. Não conhecia quem escrevera (só o nome) mas como estava num livro de Português e o professor não informou, e não havia internet!, parti do princípio que a autora já tinha morrido… 
Trinta e oito anos depois, estou em Lisboa, de saúde muitíssimo frágil, encontro um amigo que me diz que está todo entusiasmado porque tem uma entrevista marcada com uma pessoa especial. E disse o nome… No primeiro instante não me interessou porque não conhecia a tal pessoa e o nome nada me disse… mas a coisa ficou no meu ouvido e comecei como que a acordar e a imaginar “se”…, ah, mas não, não podia ser! … então, muito agitada já, telefono-lhe a perguntar o que fazia a tal mulher que ia visitar e… já está a imaginar! Era a “minha” autora que considerava morta, e desde há muito)… 
Fiquei em estado de choque, positivo… E pus tal força e alegria na possibilidade de a ver, para lhe dizer que vivia há tantos anos com ela, e lhe agradecer…, que foi possível encontrarmo-nos antes de voltar para Faro. Depois, e até à morte dela, bem mais tarde, sempre que ia a Lisboa telefonava para poder estar com ela. 
No convívio desses anos, pude confirmar que a minha juvenil admiração pela escritora podia incluir a pessoa da escritora. Pude então apreciar uma mulher extraordinária (e ler dela muito mais que o único poema!). Chamou-se Fernanda de Castro, continua viva em mim e sempre agradecerei termo-nos podido encontrar (e reencontrar) nesta vida e ter havido sintonia nas formas de pensar e sentir a Vida!"

Fátima Rosado

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